Nos ultimos tempos, percebi como a Faixa do Cidadão sofreu uma debandada de usuários para outros meios de comunicação mulltimodos (internet, telefonia Celular, radiocomunicação I-DEM)… Aos que restaram, a explicação é única: o gosto pelo RF.

Isso se nota ao longo da Banda de 27 MHz: o que antes era um bailar de transmissões, uma por cima da outra, entre um murmurar e um grasnear, entre uma transmissão puca e uma portadora de música, informativos de transito, condições de clima, qual meu sinal amigo?, etc, hoje impera um silencio sem precedentes… mais ainda reina em torno de uma categoria que podemos dizer, dentro do contexto da Banda de operação que é usada, sem sombra de dúvida: os caminhoneiros.

Fiel aliado ao profissional, seja em momentos de solidão, onde se ouve a voz de um amigo, muito distante, separado pelas trilhas e rotas das estradas de nosso imenso país, para apaziguar a saudade da familia, que aguarda o seu próspero retorno ao lar, seja em casos de dúvidas, quanto as condições desta ou daquela estrada, onde os sinais da telefonia celular não chega, seja em momentos de emergencia extrema, ele está lá a disposição do desbravador de fronteiras rodoviárias… Chega até ser poético, soa bem nos ouvidos dos entisuastas, mas infelismente, existe uma outra estoria por trás do uso do rádio por alguns usuários, digamos assim, pouco informados.

Estava eu, navegando pela Internet, quando decido dar um pulo ali, no site do px clube de juiz de fora, e me deparo com um post novo… legal até por assim dizer, se não fosse por algo que depois, me deixaria estarrecido com o conteúdo do texto…

Caminhoneiros trabalham em detrimento da Faixa

Clandestinos brasileiros são escutados “na Europa”

O Sistema de Monitoramento da União Internacional de Radioamadorismo (IARU-MS) informou por meio de seu boletim de março de 2012 a escuta de operadores clandestinos brasileiros na faixa dos 10 e 12 metros em HF.

O problema, bem conhecido mas não resolvido no Brasil, são motoristas de caminhões e operadores da Faixa do Cidadão que emitem com transceptores não homologados em frequências aos quais não estão autorizados a transmitir.

As operações clandestinas prejudicam serviços licenciados como o radioamadorismo. Com o incremento da propagação, os sinais ilegais transpassam as fronteiras e são escutados em diversos países.

Nesta edição foram as associações nacionais dos radioamadores de Portugal (REP) e da Alemanha (DARC) que denunciaram os clandestinos brasileiros.

(síntese do texto, extraído do site GIRO – Juiz de Fora/MG).

Eu tenho um problema… de sempre buscar mais a respeito da informação, e como fal fato se refere a algo que eu gosto – e muito – fui um pouco mais e entrei no site, para saber o status atual.

Na descrição do boletim de Maio de 2012, na seção de 28MHz, segue a seguinte descrição:

4. Brazilian CBers on 28 MHz

“Brazilian CBers in AM were daily found on 28000 – 28325 kHz. Some of them seem to be drunken. Few years ago I sent a complaint to the Brazilian PTT ANATEL, but never got any answer.”

Tradução: “Cbers (onzemetristas, mas aqui eu vou traduzir pro jargão bem chulo, “pexizeiros”) brasileiros em AM eram diariamente encontrados em 28000-28325 kHz. Alguns deles parecem estar bêbados. Poucos anos atrás enviei uma reclamação à ANATEL brasileira, mas nunca recebi qualquer resposta.”

 Esses relatos, dentro de tantos outros, são do conhecimento de todos, isso é fato… assim como em muitas rodadas de conversa, dentro da faixa, onde muitas vezes se ergue uma bandeira baseada em um ideal, muitas vezes coerente, e em outros casos surreal, quanto as constantes ocorrencias de invasão de faixa não autorizada pela outorga de sua respectiva Licença.

 O mais interessante, baseado no relato do monitor da IARU,  é que isso é a mais pura verdade… e dá pra ir mais longe na análise: quando o monitor informa que tal invasão ocorre dentro da faixa de 28.0Mhz a 28.3MHz, justamente entendemos que são os equipamentos de 271 canais ( Voyager, Superstar, Alan, dentre outros), sendo operados em fonia (voz), em faixas que são operados modos digitais, telegrafia (CW), e tais transmissões são facilmente ouvidas na Europa.

Todos nós sabemos que boa parcela dessas transmissões são oriundas de estações móveis, poucas são as estações fixas que causam tal irregularidade – uma vez que são repreendidos (o que eu acho errado, o correto e que deveriam ser orientados) – e em sua totalidade, caminhoneiros que se utilizam de transceptores que abrangem essas faixas ( os exemplos estão acima, mas nada impede que possuam equipamentos mais sofisticados).

O que esses usuários pouco sabem – e me arrisco a dizer, talvez tenham conhecimento e assumem o risco – é que além de estarem operando com um radio que não é licenciado, com potência acima do permitido, estão invadindo uma faixa de frequencia onde o modo de operação é o CW e os Modos digitais (RTTY, PSK, BPSK, etc), e que não contam em sua licença – e o que é pior ainda, NEM SABEMOS SE POSSUEM UMA !!!!

Para firmar mais o que estou dizendo, e baseado na Legislação, segue abaixo a compilação da Lei 9.472:

Das Sanções Penais LEI 9.472
Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação:
Pena – detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, direta ou indiretamente, concorrer para o crime.
Art. 184. São efeitos da condenação penal transitada em julgado:
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II – a perda, em favor da Agência, ressalvado o direito do lesado ou de terceiros de boa-fé, dos bens empregados na atividade clandestina, sem prejuízo de sua apreensão cautelar.
Parágrafo único. Considera-se clandestina a atividade desenvolvida sem a competente concessão, permissão ou autorização de serviço, de uso de radiofreqüência e de exploração de satélite.

Se a bem dizer, o erro também parte do divulgador do boletim, ao declarar que os “tais” são, na realidade, Onzemetristas…

É justamente, colocando na balança algumas questões, que chegamos a muitas conclusões:

  • DENUNCIEM OS INFRATORES !!! – Tá, mas também deveriamos denunciar quem vende rádio esticado ou vende serviços de estique e alteração de equipamentos, correto?
  • RETIRAR DO MERCADO EQUIPAMENTOS ORIUNDOS DA CHINA E CONGENERES, E MANTER OS EQUIPAMENTOS HOMOLOGADOS – Tá, a questão 1 responde a ESTA QUESTÃO;
  • APLICAR MULTAS NOS INFRATORES, APREENDER SEUS EQUIPAMENTOS – Meu querido, o que vai impedir a pessoa de comprar outro ou simplesmente, romper o lacre?

Apesar de estar ironizando a questão, eu não vejo, em lugar algum, alguém doutrinando ou orientando o usuario a tomar o procedimento correto; é tudo uma questão mercantil, “eu tenho um rádio que tem 400 canais e 50 Watios de potencia, em AM”, e “te vendo por $$$” ou paguei $$$ pra fazer o ‘chucrute’… pergunto se tem algum operador – e se tiver são poucos – que dispõem de alguns minutos de atenção para dedicar o conhecimento que tem, em prol do bom uso do Radio, e da Faixa?

Não obstante, encontramos esses nobres e desinformados usuarios vagando entre uma frequencia ou outra, e sempre alguém perguntando “Tá vendo isso? Onde está a autoridade da Agencia pra resolver isso?”

Enquanto não houver um bom senso de todos, na questão de orientação, dificilmente esse problema será resolvido; só o simples fato de orientar este ou aquele, sobre o que é certo ou errado em se proceder ao uso da radiocomunicação, de forma CORRETA e COERENTE (não é dificil encontrar este ou aquele que instrui o iniciante a seguir a verdade individual de cada um, e que muitas vezes, está errada – porque provavelmente também obteve a informação errada), impede que algum desvisado faça a coisa errada, e por fim, não tenhamos essa visão negativa de nosso país.

E, se vai usar um equipamento, eu recomendo dar total preferencia ao homologado/certificado. Em caso de dúvidas, eu sempre vou orientar ao usuário a procurar todas as informações pertinentes no site da ANATEL > ESPAÇO DO CIDADÃO > COMUNICAÇÕES VIA RÁDIO > FAIXA DO CIDADÃO.

 E, se resta alguma dúvida no que eu escrevo aqui, é só darem uma olhadinha nesse link, da IARU:

http://www.iarums-r1.org/iarums/news2012/news1205.pdf

 

Vamos fazer nossa parte?

 73 a todos.