Navegando pela net, encontrei este artigo da EMBRAPA que logo me despertou interesse por conta do assunto abordado: a interação entre ciência natural – Biologia – e a tecnologia da radiotransmissão.
Segue excerto abaixo. Para a leitura do artigo na íntegra, clique aqui.
“Tem sido cada vez mais comum em documentários de televisão, assistirmos a pesquisadores demonstrando o monitoramento de animais através de aparelhos aparentemente sofisticados. Tais equipamentos vêm se tornando cada vez maisacessíveis para a pesquisa ecológica, porém sua adequação deve ser avaliada com parcimônia, considerando a relação custo/benefício envolvida, sob os pontos de vista econômico (custo da pesquisa), ambiental (escala do trabalho, riscos ao ambiente), ético (bem estar animal) e prático (há uma maneira mais simples de testar a mesma hipótese biológica?).
O objetivo deste documento é descrever o princípio de funcionamento da rádio telemetria convencional, permitindo aos potenciais usuários uma visão crítica sobre as aplicações e limitações dessa técnica para a pesquisa animal. As informações apresentadas são baseadas na literatura especializada e na experiência prática dos autores e de colaboradores.
A Telemetria
O termo telemetria refere-se às metodologias que utilizam o princípio da rádio transmissão para quantificar fenômenos biológicos, à distância. Os primeiros trabalhos envolvendo a transmissão de dados biológicos por rádio ocorreram no
final da década de 50 e, de forma geral, permitiam a coleta de dados fisiológicos de animais a distância (Le Munyan et al., 1959; Eliassen, 1960; Kenward, 1987).
Nesses estudos, o som percebido pelos pesquisadores resumia-se a um zumbido que variava em intensidade, de acordo com os estímulos recebidos por sensores anexados aos animais (Kenward, 1987). O alto consumo de energia influenciou a evolução dos aparelhos de telemetria. Inicialmente, a transmissão constante foi substituída por um “bip” emitido a intervalos regulares de tempo, o que possibilitou maior durabilidade às baterias. A variação do número de bips por unidade de tempo, associada ao conceito de pêndulos é utilizada para estudar a atividade diária dos animais e, ainda hoje, aparelhos com transmissão constante são utilizados para medidas refinadas como variações de pressão em articulações, artérias, sensores de atividade neural, fluxo sanguíneo, temperatura, pressão, etc.
A percepção de variações em transmissões contínuas é garantida atualmente por codificadores de intensidades e de modulações dos sinais recebidos. A rádio
telemetria não evoluiu antes do final da década de 50, antes do advento do transistor. Este componente eletrônico substituiu com vantagens a válvula e permitiu a redução de tamanho dos transmissores, tornando sua utilização mais viável. Desde então os equipamentos disponíveis para a rádio telemetria evoluíram rapidamente e mesmo pessoas experientes têm dificuldade para decidir qual modelo utilizar em determinadas condições, devido a variedade de opções disponíveis e a velocidade com que novos aparelhos surgem. A presença de especialistas em biologia animal no atendimento a clientes tem sido uma estratégia de trabalho de algumas empresas do ramo de telemetria.
No campo da ecologia de vertebrados, a rádio telemetria vem sendo bastante utilizada, principalmente no caso de espécies que habitam locais de difícil acesso.
No entanto, é necessário reconhecer que a telemetria raramente é a melhor opção de estudo e que ela possui muitas limitações.”
Fonte: EMBRAPA